A característica mais predominante da emoção egóica é o inconformismo estéril.
Existe o inconformismo saudável, como a luta pela justiça dos direitos pessoais já consagrados pela tradição social e pela justiça do coletivo, quando ambos seguem as regras da paz, íntima ou social.
As regras da paz são a diplomacia, a negociação com o diálogo inteligente, a franqueza calma e sem contundência, enfim, os modos educados e isentos de energia negativa e, por fim, a delicadeza do elevado estágio da impessoalidade.
O inconformismo estéril é fácil de verificar, porque as emoções são negativas. A pessoa sufoca, omite, esconde, sofre calada ou explode, atirando-as nos alvos que ela crê serem os responsáveis pelo seu estado de sofrimento.
Ela esquece rapidamente uma sentença da sabedoria que já leu, releu e escreveu para outros: “Não importa o que te façam, importa apenas como tu reages.”
Enfim, a pessoa ainda não aprendeu a lidar com as próprias emoções. Não reconhece a causa principal de sua contrariedade. Em geral, haverá sempre o culpado por seu estado de sofrimento.
Inúmeras podem ser as causas exteriores de sua turbulência emocional, como as causas orgânicas do tipo saturação, cansaço e estresse. As causas exteriores são uma lista interminável de desafios emocionais. Por mais que a situação exterior se repita, ela não aprende que a causa está nela e nunca lá fora no causador. E estará sempre na forma como ela reage, inconformada, sofrida, penosa, enxofrosa.
O causador, aparentemente, é o detentor psicológico das questões emocionais que a atormentam. Estão nela para serem resolvidas e se repetirá até que as resolva.
Depois de aprender sobre o ego, mais uma vez, ela diz que o causador é o seu ego, enfim, ela nunca assume a responsabilidade pelo desgoverno de suas emoções.
Mil vezes se pode dizer – a pessoa não é o ego – e isso passa batido por sua compreensão, como a julgar: “Se eu não sou o ego, então ele é o culpado de tudo, eu não tenho culpa de nada.”
Ora, “eu” quem? De quem estamos falando? Se estivermos falando da consciência, esse aspecto sim, é a pessoa. A consciência e somente ela é responsável por tudo. Pois, havendo consciência desperta, não haverá descontrole sobre os inúmeros egos emocionais. Se a consciência não governa, quem é o responsável? A sua consciência. Você não teve consciência. O seu Observador Interno não foi ativado verdadeiramente.
A marca registrada do inconformismo estéril parte do condicionamento: “Isto me pertence. O que me pertence tem de ficar do meu jeito, de acordo com o que eu aprendi e lutei para conseguir, tudo conforme o que eu quero e sinto. O que contrariar o que eu aprendi, quero e sinto me deixará inconformado e vou brigar, sufocar ou explodir, ficar doente e amofinado.”
Há milênios tem sido assim. O padrão é esse. Ninguém ousa pensar diferente do condicionamento, a fim de alcançar a verdadeira felicidade. Assim, prossegue a natureza de sofrimento.
Não há o que questionar quando se fala desse condicionamento. Ele é a ordem do dia e da noite de todos os seres humanos. Menos de um por cento da humanidade consegue pensar fora desses padrões. E menos de meio por cento consegue viver fora desses padrões.
Ainda que se lute por seus direitos e perca-os, a consciência mais desperta não sente o mesmo sofrimento daquele que tem a sua mente condicionada às posses, porque tudo do qual estamos falando é desejo e possuísmo.
Dizem: “Eu quero uma vida cor-de-rosa, ou seja, sem nenhuma contrariedade. Não quero nada contra a minha pessoa. Nada que venha de fora ou que nasça dentro de mim. Eu quero ser feliz, e tudo o eu que tenho, não vejo, porque estou muito ocupado sentindo e vendo o que me contraria.”
O inconformismo estéril se compara a uma porta aberta convidando o ladrão.
Por isso, a
pessoa perde a proteção. Por mais Darma acumulado na vida contínua, por
mais agentes e guardiães evitando tropeços em sua vida, ela somente
enxerga a contrariedade. Ela não sente falta de tudo o que lhe foi dado,
de todas as vezes em que foi salva e nem ficou sabendo. Sim, a gratidão
morre quando a pessoa não sente que tudo o que tem poderia estar
faltando em sua vida.
O que o outro fez de bom não conta. Conta somente o que ele fez de ruim. O que ela tem de bom não conta. Somente conta o que a atormenta. Se alguém lhe fez uma dedicação de cem anos, apenas os anos negativos serão marcados. Quem pensa fora dos padrões, ignora noventa e nove anos de tropeços e comemora um ano de vitória, porque, apesar de tudo, entendeu que desejo e possuísmo eram os seus verdadeiros tropeços, gerando os marcadores da desproteção: o inconformismo estéril. Os últimos resultados são os conflitos interiores, as doenças e as falências de todo tipo.
Uma mulher sofrida e triste viveu com um homem a ilusão do desejo e do possuísmo. Ele fez coisas que um homem não deve fazer, porém, todo ser humano é livre para errar. Ela ficou ainda mais triste e separou-se dele.
Anos se passaram e ela continuou sendo a mesma mulher sofrida e triste, mas agora, a culpa era do ex-marido. Quando resolveu dentro de si a questão do marido, ela continuou sendo uma mulher sofrida e triste. Agora alegava que o motivo era trabalhar muito, ganhar pouco e sofrer para manter o filho recebendo tudo, como se fosse um príncipe. Ela não podia arcar com esses custos, mas ignorava sua condição e teimava em gastar o que não tinha.
Essa mulher desde cedo carregava a impressão psicológica – subconscientemente – que o mundo, os pais, a família e depois o ex-marido lhe deviam muito.
Ora, se lhe deviam e não pagavam, ela se sentia a pior das criaturas, pois deveria ser pessoa baixa e desprezível para ninguém amá-la.
O seu inconformismo era de tamanha grandeza, que terminou por adoecê-la.
Ela não via nada disso em
si mesma, afinal, era apenas uma vítima. Aparentemente, representava a
pessoa conformada, uma guerreira. De fato, uma guerreira interior, com o
mundo interno sempre em guerra, temendo alguma coisa, o futuro, ou que
mais uma vez as coisas se repetissem, não ocorrendo conforme o seu
desejo.
Você pode ver como nascem as suas crises de inconformismo? Como implodem ou explodem essas emoções diante de qualquer pequeno senão de contrariedade?
O inconformismo é um burro desgovernado, correndo feito louco precipício abaixo. Sua consciência é responsável. Não há ninguém culpado. Tudo o que fazem a sua pessoa é o treinamento da vida para torná-lo um mestre de sabedoria, um ser ascencionado, liberto desse cativeiro de ilusão.
Então, a pessoa pergunta: “Por que isso me acontece? Por que eu atraio situações como essa? Eu faço tudo certinho, correspondo sempre, ando na linha, então, por que eu tenho esse retorno?”
E Nós indagamos: “O que você tem feito de cada lição repetitiva? Reagirá doravante como sempre tem reagido? Culpará ao seu ego, aos filhos, a esposa, aos pais, ao marido, ao patrão, aos negócios, a doença, a falta de dinheiro?”
Estas coisas não são as causas, elas são os efeitos atraídos por uma consciência adormecida e guiada pelo ego.
Agora, Filho, Filha, é hora de acordar e permanecer com o seu Observador Interno ativado. Você já não precisa sofrer como tem sofrido. Já pode ser feliz. Faça a sua parte. Renuncie aos egos do passado, do presente e do futuro. Tome o leme da vida em suas mãos. Ajudaremos sempre.
Na Vibração Kazi-Humi, o Grande Amor.
Fonte: O PADRÃO HUMI – ORIENTAÇÕES DOS MESTRES – no prelo, não distribua.
M. Nilsa Alarcon e J. C. Alarcon
Cuiabá, 29 Jan 2014
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