Nenhuma árvore chega aos céus, se suas raízes não chegarem ao inferno. É o mesmo com as pessoas, ninguém consegue alcançar a iluminação, e conseqüente saída da roda reencarnatória, sem saber lidar com todos os seus baixos instintos. A vida é cruél, não?
Não! Não é.
Acontece, que o que fizemos de bom ou ruim, não desaparece. Pode até ser
quitado, com as bordoadas das vidas terrenas, mas permanecem em nosso
histórico, simplesmente porque tudo o que nos acontece hoje, é reflexo
desses acontecimentos. Claro que existe muita perversidade, que as
pessoas parecem gostar de colocar seus problemas sobre ombros alheios,
que existe muita trapaça, at cétera. Sim, mas daquilo que nos foi
designado, tudo está relacionado às escolhas que fizemos, desta ou
d'outras vezes, geralmente produzindo dívidas com outras pessoas, que
foram prejudicadas por elas; isso inclui a perversidade, o colocar seu
peso em ombro alheio e a trapaça.
Sabiamente, o registro de todos os pensamentos e ações estão gravados
nos próprios corpos astrais do indivíduo. É como se fosse um disco
rígido perfeito, com capacidade infinita, acesso imediato aos arquivos e
imune a todo e qualquer ataque. Cada ação que deixamos de resolver,
fica no arquivo como erro. Como até os leigos em computação sabem, um
erro, um dia, acaba por travar todo o sistema e haverá a necessidade de
reformatação. É aqui que mora o inferno, porque a criatura se vê
obrigada a a lidar, de uma vez só, com todos os seus erros, até os
mínimos, que não foram resolvidos por negligência até com os mais
importantes.
E quem dera esses erros ficassem paradinhos, hibernando à espera de uma
solução. O disco rígido gira e, mesmo sem querer, acaba rodando aqueles
erros, que geram mais errinhos e estragam até a melhor das intenções.
Essas boas intenções, contaminadas pelos erros insolutos, acabam sendo
usadas para justificar qualquer atrocidade, o que a história
contemporânea mostra em fartura. É por isso que o inferno está cheio
delas.
Sim, existe um lugar (meta)físico que pode facilmente ser chamado de
inferno, e os espíritos muito envolvidos em seu orgulho e incapazes de
lidar com seus erros, não se sentem confortáveis para ir a outro lugar
senão para lá. Mas não é este inferno que devemos temer, dele saímos com
a simples intenção firme de sermos melhores, ou mesmo com a ajuda de
benfeitores. O inferno que devemos respeitar muito, é o que nós mesmos
criamos, porque deveremos mergulhar nossas raízes nele e absorver seu
veneno, até que ele esteja completamente esgotado.
A árvore até consegue crescer com raízes rasas, mas torna-se frágil.
Vocês sabem o quanto o vento fica mais forte à medida que se sobe. Quem
viaja regularmente de avião, sabe do que estou falando. Chegará um ponto
em que a base não suportará e a árvore cairá. Ela pode ser reerguida,
mas sem raízes profundas, ficará perenemente dependente de escoras,
impedida de crescer mais.
Mas, depois de esgotado o veneno, a árvore consegue voltar a crescer
normalmente? Sim, até mais rápido, porque já terá criado raízes fortes,
tão amplas quanto profundas, e a escavação feita assegurará sua
estabilidade aos ventos.
Até quanto pode crescer a árvore? Infinitamente, para cima e para baixo.
Sei, crescer infinitametne para o inferno é algo assustador, mas devo
esclarecer que o inferno, como agente repressor e punitivo, não existirá
mais. E quem chega a este estágio, compreende facilmente que precisa
ajudar os outros a crescerem também, por isso não tem problema algum em
manter raízes para mostrar-lhe suas origens, erros, acertos e toda a
bagagem que facilitará ensinar aos espíritos mais novos.
Apesar da assistência de quem já passou pela situação, nós quase sempre
aprendemos do modo mais difícil, o da tentativa e erro, e erramos muito!
Mesmo com toda a ajuda possível, e necessária, nossa 'salvação' é de
nossa responsabilidade, só nossa e de ninguém mais.
Nem todos notam as semelhanças entre as mitologias, bem como as
"coincidências" entre elas. Aprendi que elas nada mais são do que
adaptações, variando de cultura para cultura, das vidas encarnatórias de
espíritos evoluídos. Longe da deturpação humana, vemos que todas as
divindades tiveram suas fases de infância, rebeldia, maturidade de
sabedoria, sendo esta a em que deixam o mundo em definitivo. Ou, a em
que suas copas tocam o céu. É por isso que os mitos têm tamanha carga
social, psicológica, política, pedagógica, enfim, é por isso que a cada
dia os especialistas aprendem mais com elas. E sempre aprenderão mais,
elas são o tronco que une as divindades (não confundir com O Criador)
que já estão nos céus aos pobres mortais ainda rastejantes, que oscilam
do inferno para o limbo terrestre, na maior parte do tempo. Notaram a
ajuda imensa que temos e a maioria nem se dá conta, até rechaça por
questões dogmáticasa. E os livros de mitologia são quase sempre
baratinhos, já que não pagam direitos autorais... Se bem que a Grécia
está precisando deles, né...
Compreendendo a necessidade de aprofundar-se em seu próprio inferno, ele
começa a ficar menos assustador. Tanto menos quanto maior for a decisão
de não se pagar mais juros das dívidas feitas. Sim, claro, o sofrimento
que isso causa pode ser muito grande, proporcional à negligência com
esta obrigação. É como ir levando a saúde com a barriga e, quando
inevitável, se descobrir que o tratamento mais longo, caro e doloroso, é
o único recomendado. Ou seja, não é crueldade da vida, exigir que
reparemos nossos erros o quanto antes, nem que busquemos olhar de frente
os vermes da podridão que deixamos acontecer, por abafar o que já
estava ruim. Quanto antes o fizermos, tanto antes nos livramos deste
suplício.
Há espíritos raríssimos, que conseguem passar ilesos pelo início do
exercício de seu livre arbítrio, até o último suspiro de sua última
existência encarnatória. Tão raros, que nem são levados em conta, quando
se faz uma estatística a respeito.
Mas tenho certeza que não é o nosso caso, agora é a hora de descer o mais fundo para que com isso se verifique a sombra e trabalhe o máximo ela e ao fim termos uma base mais profunda e sólida, que nos dará o alicerce para continuar essa jornada terrestre e quem sabe não precisar mais fazer parte da samsara reencarnatória.
Mas tenho certeza que não é o nosso caso, agora é a hora de descer o mais fundo para que com isso se verifique a sombra e trabalhe o máximo ela e ao fim termos uma base mais profunda e sólida, que nos dará o alicerce para continuar essa jornada terrestre e quem sabe não precisar mais fazer parte da samsara reencarnatória.
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